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A Neurociência do cérebro apaixonado

Atualizado: 15 de set. de 2021

Por Giovana Santos Fontana


Que se apaixonar é uma sensação maravilhosa a gente sabe, né? As borboletas no estômago, a sensação de que somos capazes de fazer o impossível e atingir o inalcançável; os momentos parecem únicos, as mãos suam simplesmente ao chegarmos perto de quem gostamos, o coração acelera e uma série de outros eventos tornam o processo de se apaixonar, por si só, apaixonante. Contudo, como a própria obra do poeta lusitano Luís Vaz de Camões dizia: “O amor é fogo que arde sem se ver”, essa imensidão de sensações também possui ônus: As noites em claro, as palpitações, os pensamentos e comportamentos obsessivos e a “cegueira” psíquica são alguns dos exemplos provocados, também, pelo processo de se apaixonar. Mas, por que algo que ao mesmo tempo é tão bom pode vir a ser tão caótico? O que está por trás disso tudo? Eis a sua fonte: O Cérebro!


Apesar de popular a ideia de que a paixão e o amor são sentidos pelo coração, na verdade, o cérebro é o órgão responsável por orquestrar o funcionamento desses processos. Ele ativa e induz a realização de reações químicas através de estruturas conhecidas como neurotransmissores que, em conjunto com hormônios, provocam reações físicas e mentais nos indivíduos. Sendo assim, podemos dizer, cientificamente falando, que a paixão é puramente química e somos nós, seres humanos, os responsáveis diretos por conferir o lirismo visto em filmes, séries e livros..., mas, vamos entender então como isso tudo funciona.


Quando uma pessoa está apaixonada os níveis de testosterona, adrenalina, noradrenalina e dopamina aumentam, enquanto que os níveis de serotonina diminuem. (PINTO., 2018) A testosterona, popularmente dita como o hormônio que nos faz ter desejo por outra pessoa, é um hormônio produzido tanto em homens quanto em mulheres, porém nestas em menor quantidade. No homem, será responsável por determinar características físicas e comportamentais que, mais tarde, despertarão o desejo sexual; função que será do estrogênio nas mulheres. (SANTORO et al., 2016)


A adrenalina e a noradrenalina são ambos neurotransmissores que aumentam durante o processo de se apaixonar e, basicamente, preparam os organismos dos indivíduos para a “ação”, como um instinto mais primitivo, sendo seus efeitos mais facilmente notáveis como o aceleramento do batimento cardíaco, aumento da energia (quase como que em picos de atividade), sono e fome se dissipam por períodos mais longos, sudorese, arrepio, entre outros. A dopamina, responsável por controlar as emoções e provocar as sensações de prazer e bem estar, também aumenta. Ela atua de modo a diminuir o senso crítico do indivíduo - ainda que de maneira involuntária - uma vez que o sistema de recompensa cerebral está mais ativado, isso faz com que, por exemplo, postar uma foto chorando no Facebook enquanto se declara para o/a @ não seja tão má ideia assim. (PINTO., 2018). Sendo assim, é basicamente devido a isso tudo que a paixão é tão emocionante e gostosa de ser sentida, o frio na barriga, a emoção e intensidade derivam de todos esses processos neurais.


Em contrapartida, a serotonina, outro neurotransmissor responsável pela manutenção do humor, ao invés de aumentar, diminui na fase da paixão. Isso provoca uma série de reações nada prazerosas ao indivíduo, ainda mais quando falamos de paixões não correspondidas, muitos estudiosos, inclusive, comparam esses níveis mais baixos de serotonina com os de pacientes que possuem transtorno obsessivo-compulsivo. É comum que ocorram alterações emocionais, bem como sintomas de ansiedade, insegurança, obsessão, entre outros. Apesar de intensa, a paixão é só uma fase do amor que, segundo muito estudos da mente, dura em média de seis meses a, no máximo, dois anos. (PINTO., 2018)


Ao ler sobre essa pesquisa é importante que compreendamos que, primeiramente, apesar de cientifico, o lirismo do amor e da paixão é necessário ser vivido. Além disso, através dessa pesquisa feita em cima de achados neurocientíficos bem como sobre obras literárias para a área da Neurociência, fica mais claro identificar os processos responsáveis por provocar a infinidade de sensações, positivas e, às vezes, negativas, quando nos apaixonamos, comprovando o quanto a neurociência é essencial para a compreensão dos fenômenos da mente e vida dos seres humanos.



Referências:

PINTO, Dr. Fernando Gomes. Neurociência do amor: Entenda como funciona o coração apaixonado. 2. ed. Brasil: Editora Planeta do Brasil, 2018.

Santoro N, Worsley R, Miller KK, Parish SJ, Davis SR. Role of Estrogens and Estrogen Like Compounds in Female Sexual Function and Dysfunction. J Sex Med. 2016 Mar;13(3):305-16.

GARCIA, Christianne et al. A QUÍMICA DA ATRAÇÃO, PAIXÃO E AMOR. Mostra Científica em Biomedicina, v. 1, n. 1, 2017.

Fonte da imagem:

https://pin.it/4tbGXv5



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