O medo através da neurociência
Atualizado: 13 de jul. de 2020

Ao longo da história das pesquisas científicas o tema medo foi amplamente abordado. “Little Albert” e “Little Peter” são exemplos de pesquisas feitas com crianças sobre medo nos anos 20. Com os anos passando, as bases da pesquisa mudaram, o entendimento sobre as condições do medo evoluiu através do uso da PET (tomografia) e da fMRI (ressonância magnética). Especialmente a fMRI por ter uma maior resolução da área temporal, foi um grande avanço na pesquisa do medo.
Com as imagens e pesquisas de neurociência podemos perceber que há o “envolvimento de áreas estendidas do córtex pré-frontal medial na resposta a sinais / medo e ameaças de segurança condicionados. O córtex cingulado anterior, juntamente com o córtex insular anterior, estão entre as regiões cerebrais mais envolvidas no processamento de medo / ameaça condicionado humano, enquanto o córtex pré-frontal ventromedial é consistentemente mais responsivo aos sinais de segurança condicionados” (Fullana, Dunsmoor, Schruers, Savage, Bch, Harrison. 2020). Além do mais, há uma possível contribuição da amígdala nesse processo também (pois ela tem um grande papel na aquisição, armazenamento e na expressão do medo em roedores).
Ao analisar o medo e como o cérebro o interpreta e o armazena para associações futuras, surge uma possibilidade clínica de impedir a formação de memórias emocionais após uma experiência negativa na tentativa de se diminuir o medo, porém estudos como esse ainda são desafiadores. Como prosseguir? O que usar para um tratamento desse tipo? Estas são perguntas frequentemente feitas em casos como esses, além de ser uma área de difícil estudo, mas de grandes possibilidades (como por exemplo, ajudar pacientes com ansiedade). Os estudos com fármacos têm avançado, porém ainda há muito a ser feito e outras abordagens usando a neuroanatomia, a psiquiatria e a psicopatologia para descobrir outros métodos que possibilitem a efetivação do trabalho feito com a memória relacionada ao medo.
De fato, os avanços na neurociência contribuem e irão contribuir ainda mais para pesquisas desse tipo, possibilitando diferentes tipos de tratamento para ansiedade e para a depressão. Os estudos e as novas associações contribuem de forma significativa e a analise de imagens e de fármacos abre portas para novas e melhoras interpretações e resultados.
Fullana, M. A.; Dunsmoor, J.E.; Schruers, K. R. J.; Savage, H. S.; Bach, D. R.; Harrison, B. J.
Behaviour Research and Therapy. Vol. 124. Janeiro 2020.
Referência imagem: https://www.cbronline.com/news/amazon-rekognition-fear