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Arte: suas emoções e a arteterapia


Por Thainá Moura



A arte não é apenas algo que observamos, ouvimos e apreciamos, ela é algo que transmite e causa emoções, sentimentos e até mesmo sensações. Uma maneira muito simples de observar as diferentes sensações que podemos ter por meio da arte é o cinema; as cores usadas em determinadas cenas são escolhidas para transmitir um tipo de sentimento ao público que está assistindo. Outra maneira de estudar arte e como ela desperta certas emoções é por meio da cognição. Em sua pesquisa, Langer (2016) afirma que os desenvolvimentos da neurociência cognitiva têm possibilitado sondar o cérebro em busca de mecanismos envolvidos na apreciação e criação da arte. Além disso, o autor também destaca que existem alguns consensos sobre os mecanismos envolvidos na valorização da arte que estão surgindo, como, por exemplo, que a apreciação artística é função de um sistema cerebral distribuído composto por subsistemas cognitivos, motores, emocionais e perceptuais. As áreas cerebrais possuem uma ótima rede integrativa, e é isso que possibilita entender os fundamentos neurobiológicos das reações cognitivas / emocionais (Leder, Markey e Pelowski, 2015).


Assim como a arte funciona como uma forma de expressar emoções e sentimentos, ela pode ser utilizada como um tratamento não farmacológico para as pessoas lidarem com suas emoções, de diferentes formas.


Durante uma de suas pesquisas, Martínez, Gutiérrez & Laguna (2014) puderam concluir que a musicoterapia é uma ferramenta eficaz para reduzir os níveis de depressão baixa e moderada. A intensidade dos estados emocionais negativos refletidos pelos pacientes que participaram de sua pesquisa diminuiu, uma vez que a terapia foi aplicada. Isso pode ser explicado pelo fato de a música ser o meio de comunicação mais poderoso para despertar uma resposta emocional, e, na música, é possível transmitir várias linhas melódicas ao mesmo tempo, usando cada linha para transmitir uma emoção diferente (Noy & Noy ‐ Sharav, 2013).


Não apenas a música pode ser usada para alcançar grandes resultados. A arteterapia também pode ser usada para reduzir os sintomas relacionados ao estresse e melhorar a adaptação social. Os pesquisadores Kopytin e Lebedev (2013) trabalharam com veteranos de guerra que tiveram estresse pós-traumático. Durante a pesquisa, os veteranos de guerra participaram de um grupo de arte-terapia, e a conclusão após a intervenção com a arte-terapia de grupo foi que isso "pode ​​exercer uma influência positiva sobre os veteranos de guerra e, particularmente, em seu estado sintomático, funcionamento da personalidade, habilidades cognitivas e criatividade, e qualidade de vida” (Kopytin & Lebedev, 2013).


Outros pesquisadores fizeram um estudo inicial usando a arte como uma intervenção para pacientes com doença de Alzheimer. Eles usaram o fato de que as intervenções artísticas reduzem a ansiedade, a agitação e a depressão na demência no nível comportamental. Após toda a intervenção, a conclusão a que chegaram foi que “trabalhar o canal das emoções através da arte é particularmente recomendado como uma intervenção não farmacológica, facilitando a manutenção de capacidades cognitivas residuais, abrandando os sintomas psiquiátricos e melhorando a qualidade de vida” (Savazzi et al., 2020).


A arte é uma forma de expressar alguns sentimentos e provocar outros. Quando estudamos arte na perspectiva cognitiva, podemos ver que diferentes áreas do cérebro podem ser ativadas de acordo com as emoções que são sentidas no momento. Além disso, é possível ver a arte como uma forma de tratamento para diferentes doenças e utilizá-la de diferentes formas. É outra forma de tratar as pessoas, de fazer de suas emoções e sentimentos uma forma de ajudá-las quando eles forem expressos.


Referências


KOPYTIN, Alexander; LEBEDEV, Alexey. Humor, Self-Attitude, Emotions, and Cognitions in Group Art Therapy With War Veterans. Art Therapy, [S.L.], v. 30, n. 1, p. 20-29, jan. 2013. Informa UK Limited. http://dx.doi.org/10.1080/07421656.2013.757758.

LANGER, Federico. Art Theory for (Neuro)Scientists: bridging the gap. Poetics Today, [S.L.], v. 37, n. 4, p. 497-516, dez. 2016. Duke University Press. http://dx.doi.org/10.1215/03335372-3638030.

LEDER, Helmut; MARKEY, Patrick S.; PELOWSKI, Matthew. Aesthetic emotions to art – What they are and what makes them special. Physics Of Life Reviews, [S.L.], v. 13, p. 67-70, jun. 2015. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.plrev.2015.04.037.

TORRES, Yadina Martínez, ;GUTIÉRREZ, Laudis. Diez & LAGUNA, Ana. Martínez. Musicoterapia como alternativa terapéutica em la depressión. Revista Eletrónica Dr. Zoilo E. Marinello Vidaurreta, 39(9), n.9, 2014.

NOY, Pinchas; NOY-SHARAV, Dorit. Art and Emotions. International Journal Of Applied Psychoanalytic Studies, [S.L.], v. 10, n. 2, p. 100-107, jun. 2013. Wiley. http://dx.doi.org/10.1002/aps.1352.

SAVAZZI, Federica; ISERNIA, Sara; FARINA, Elisabetta; FIORAVANTI, Raffaella; D’AMICO, Alessandra; SAIBENE, Francesca Lea; RABUFFETTI, Marco; GILLI, Gabriella; ALBERONI, Margherita; NEMNI, Raffaello. “Art, Colors, and Emotions” Treatment (ACE-t): a pilot study on the efficacy of an art-based intervention for people with alzheimer 's disease. Frontiers In Psychology, [S.L.], v. 11, p. 1467, 16 jul. 2020. Frontiers Media SA. http://dx.doi.org/10.3389/fpsyg.2020.01467

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