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Introdução a Neuroeconomia


Alguns neurocientistas definem o principal objetivo evolutivo do sistema nervoso como “previsão”, constantemente estamos trabalhando para realizar previsões e assim realizar a tomada de decisão, quando andamos estamos prevendo onde o próximo passo irá, quando nos preparamos para dizer uma declaração amorosa a alguém especial estamos planejando um discurso para alcançar a reação esperada, porém, se você perceber que a pessoa está num mal dia e estressada logo irá mudar a estratégia e tentará deixar a declaração para outro dia, o que demonstra não só como as previsões são rápidas e flexíveis, mas influenciáveis pelo contexto. Desta forma, uma pergunta que surgiu juntamente com o behaviorismo e afinou-se com o crescimento da neurociência é “Há como padronizar a previsão humana?”, a neuroeconomia estuda como as decisões são tomadas e influenciadas, tentando padronizar as previsões para alocar os recursos da melhor maneira possível.

Emoções estão sempre vinculadas a decisões, pois sempre que tomamos decisões nos baseamos em memórias, inferências do ambiente e a valores que atribuímos, esse processo gera uma resposta biológica. Essas “interferências” moldam em parte a nossa previsão mesmo que não consiga-se perceber de forma plenamente consciente. Até decisões fomentadas em estratégias de um longo raciocínio utilizam-se de memórias afetivas e padrões próprios designados pelo estado que o ambiente proporciona, como por exemplo, uma propaganda que faz você ter uma forte emoção como rir ou se emocionar, consequentemente faz o consumidor manter na memória por mais tempo aquela venda de produto e sentir-se mais inclinado a comprá-lo numa oportunidade.

Também é correlato na interferência o “efeito ancoragem”, que é um conhecimento prévio moldar a perspectiva e forma da tomada de decisão , ou seja, “ancorando-a” e não a deixando trabalhar apenas com os fatos. Isso pode ser visto no dia a dia, se você está no mercado e todos os produtos estão na mesma faixa de preço, mas um dos produtos está com uma etiqueta demonstrando que o valor anterior era superior à dos outros produtos, porém agora está no mesmo preço dos demais, você irá tender a comprá-lo, é um efeito recorrente em grandes eventos de compra como a Black Friday ou Saldões.

Na neuroeconomia não há o estudo somente desses vieses como também analisa-se os dados de maneira probabilística, utilizando a matemática como ferramenta e método de investigação, conseguindo trazer tanto o qualitativo quanto o quantitativo para a mesa da economia. Nós estamos entrando num campo em que a multidisciplinaridade do conhecimento é essencial para uma visão completa, e a neurociência abraça essa ideia utilizando os recursos possíveis para conseguir analisar e trabalhar nas diversas áreas da ciência econômica, como questões epistemológicas, éticas e de livre arbítrio, integrando os conhecimentos.

A Dra Cláudia Feitosa, Pós-doutora em neurociências integradas pela University of Chicago, doutora em neurociências e comportamento pelo NEC/USP, mestre em psicologia experimental pelo IP/USP e Professora de Neurociência na UFABC estuda a tomada de decisão e expõe algumas das suas ideias nesse video.

Referências: Neuroeconomics: how neuroscience can inform economics. C. Camerer, G.

Loewenstein e D. Prelec, em Journal and Economic Literature, vol. 63, págs. 9-64, março de 2005. Maldonato, Nelson. (2007). A nova frontiera da Neuroeconomia. Scientific American. 86. 86-94.

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