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Aprendizagem, números e pessoas com deficiência intelectual

Atualizado: 9 de jun. de 2020


Ao longo do nosso dia a dia, a linguagem matemática é requisitada em diferentes momentos ao se utilizar de números e cálculos. De fato, nos deparamos com números e cálculos simples sem muitas vezes percebermos.

Devido a isso, nota-se uma grande importância de se obter esse conhecimento e, ao se comparar as habilidades matemáticas de pessoas com desenvolvimento típico com as de pessoas com atraso no desenvolvimento, pode-se observar que essas podem fazer cálculos envolvendo operações matemáticas simples mesmo antes de entrarem na escola, enquanto estas apresentam com certa frequência dificuldades na aquisição dessas habilidades, mesmo após anos de ensino em instituições especializadas. Logo, surge a necessidade de se obter um método prático de ensino para que as pessoas com atraso no desenvolvimento aprendam a função matemática e tornem seu dia a dia mais simples.

As pesquisas têm mostrado que para crianças com deficiência mental e dificuldade de aprendizagem, o método de equivalência de estímulos no processo de ensino é a melhor opção. O procedimento básico que é frequentemente aplicado consiste em apresentações sucessivas da tarefa escolhida de acordo com modelo, e este é utilizado para “ensinar relações entre estímulos por meio de discriminações condicionais (uma resposta a um estímulo discriminativo é diferencialmente consequenciada somente na presença de um outro estímulo)" (Escobal, Rossit, Goyos, 2010), ou seja, a resposta obtida por um estímulo atua posteriormente como um novo estímulo, fazendo com que as chances de acerto sejam maiores, pois isso faz com que uma resposta seja obtida mais facilmente devido às diferentes sequências de estímulos que convergem à ela. Uma vez que as discriminações condicionais entre dois estímulos são ensinadas, espera-se a emergência de novas relações (por exemplo, ensina-se as relações A-B e A-C e espera-se que as relações B-A, C-A, B-C e C-B sejam obtidas sem a necessidade de serem ensinadas). Assim que um estímulo que controla uma resposta é substituído por outro, sem alterar a probabilidade da ocorrência da resposta, se diz que os três estímulos são equivalentes ou mutuamente substituíveis.

De acordo com Esbobal, Rossit e Goyos (2010), na definição matemática, a relação de equivalência deve possuir três propriedades: reflexividade (após ensinar estímulos, eles se relacionam entre eles mesmos, ou seja, X=X), simetria (reversibilidade funcional dos estímulos modelo e de comparação é demonstrada, ou seja, se X=Y, então Y=X) e transitividade (é necessário que três conjuntos de estímulos estejam envolvidos na relação; verificar a relação entre os elementos dos conjuntos, ou seja, se X=Y e Y=Z, então X=Z).

O estudo desses pesquisadores foi realizado com dois jovens adultos com deficiência intelectual (que de acordo com seus professores, não identificavam os algarismos nem os nomeavam), os quais receberam estímulos visuais de objetos familiares, quantidades de zero a quatro objetos e os algarismos de zero a quatro (além do estímulo auditivo apresentado simultaneamente a estes outros). Esses estímulos eram apresentados como tarefas na tela de um computador, no qual o jovem posicionava o dedo na resposta que ele considerava correta. Os resultados do estudo “demonstram a efetividade dos procedimentos baseados no paradigma de equivalência de estímulos para ensinar pessoas com deficiência intelectual em um curto espaço de tempo. Os resultados também demonstraram que é possível ensinar o algarismo zero e o conjunto vazio inicialmente, juntamente com os demais algarismos e conjuntos” (Escobal, Rossit, Goyos, 2010).

Ao ler sobre esta pesquisa, pode-se perceber a importância de seu estudo e onde ela seria aplicada no cotidiano. Sua importância se deve ao demonstrar que há técnicas de ensino que possibilitam que pessoas com deficiência intelectual realmente aprendam e, com isso, possam ter uma melhor inclusão social. No cotidiano, esse método de ensino pode ser empregado em escolas com o intuito de fazer com que as crianças com deficiência intelectual possam ser inseridas em uma sala de aula comum, tendo o método de equivalência de estímulos como o principal usado para sua educação.

Referências:

ESCOBAL, G.; ROSSIT, R. A. S.; GOYOS, C. Aquisição de conceito de número por pessoas com deficiência intelectual. Psicologia em Estudo, v. 15, p. 467-475, 2010.

Fonte da Imagem:

http://fundacaotelefonica.org.br/wp-content/uploads/2017/11/neuroci%C3%AAncia_educa%C3%A7%C3%A3o_736x341.jpg


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